29.8.08

Do escarro, da ausência

dádiva do prostíbulo

encarna-se cetros
corvos inclinam a noite incurável e inadvertida

se a ti a incumbência de versos panfletários
de expedir o instituto genésico
de expurgar preces, porras, prédicas

se de um luto soberano o dossiê protelado
(ainda nunca loquaz e compulsivo)

uma comuna encarniçada e inerente
de nunca expoente,
exprimidas de uivos,
habituada ao descalço
gritante e indistinto

(quando não rastejos decantados)

20.11.07

auto-aniquilação não existe, nenhuma morte nunca é plena.

- 6 meses para: retorno à escória da minha literatura.

O eu-njôo

na falta de eméticos
(separável ao límbico)

aclamar-chagas
da estopa do cálculo
laicizar
o pólo e os resíduos
do úbere-saído

no estóico de consciência
do esboço que não se pavimenta

em ciclos de desalentos
(aqui não me tenho)

- eu reciclado, eu pétreo, eu consumado

4.6.07

E não restará intacta tuas unhas ou teus germes

no absurdo ingerminável em que decorrestes
no noturno exterior de tuas crateras
tua infância clamou por nicotina
tuas lembranças remoídas
em tumores em fuga

é a dádiva do reles que proclama tal amor
é a dádiva do gotejar a vida em leitos retalhados
de palpitar a ingenuidade
e encontrar
apenas a condição enferma
da limpidez atroz
de tal saudosismo

renascido ao turvamento da razão
sublimado ao enfado nauseante de tua pederastia
colhido a deformação de um povo sem neblina

louva-se o concretismo da tua aurora
pulveriza-se o terreno da fricção
da tua máquina
(máquina-corpo, corpo-soldado,
amortalhado)

a morte do teu crânio
alimentará
a orgia dissonante
no subúrbio
da penetração
que não te foi concedida

2.6.07

"O século XXI me dará razão, por abandonar na linguagem & na ação a civilização cristã oriental & ocidental com sua tecnologia de extermínio & ferro velho, seus computadores de controle, sua moral, seus poetas babosos, seu câncer que-ninguém-descobre-a-causa, seus foguetes nucleares caralhudos, sua explosão demográfica, seus legumes envenenados, seu sindicato policial do crime, seus ministros gangsters, seus gangsters ministros, seus partidos de esquerda-fascistas, suas mulheres navi-escola, suas fardas vitoriosas, seus cassetes eletrônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida, sua epidemia suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara da cultura, seus pró-Cuba, seus anti-Cuba, seus capachos do PC, seus bidês da direita, seus cérebros de água-choca, suas mumunhas sempiternas, suas xícaras de chá, seus manuais de estéticas, sua aldeia global, seu rebanho-que-saca, suas gaiolas, seu jardinzinhos com vidro fumê, seus sonhos paralíticos de televisão, suas cocotas, seus rios cheio de sardinha, suas preces, suas panquecas recheadas com desgosto, suas últimas esperanças, suas tripas, seu luar de agosto, seus chatos, suas cidades embalsamadas, sua tristeza, seus cretinos sorridentes, sua lepra, sua jaula, sua estrictina, seus mares de lama, seus mananciais de desespero."

22.5.07

A ração insolente do misantropo

poesia-de-sete
podridão-parda
velame-do-cerrado

cotidianos e consulados
decrépitos trópicos
tumores nórdicos

o que é seco, notívago e desalmado
o que nega ser humano, e busca resistir

alijamentos relativos ao sêmen
espermas inexistentes
o velcro da paulicéia inserido em céticos deformados

o vulto do teu escarro
sentir pele animália
abortada pela poesia-de-sete
seca criada, seca velada

ser plena, ser viva?
não o ser
não o nada

13.1.07

Sífilis-e-sonetos

poesia morta, poesia carnívora
poejo
poeira
poe – ismo
(in) poe-ma-ismo

férreo o ganido
pontos ocultam obras
vírgulas pudicas
renegam o decurso
cromatinas e critérios
verborragia-e-verbalismo

cumprida a sentença
executados os arquivos
lecionada a hiena
concretismo e construtivismo
em moldes e pétalas racionadas

entre o inepto e o legível
transmissível à descendência
o líquido fecundante
a coorte e o convívio
epopéia-marginal

viés ao sigilo
e renal ao pois
reticências abortadas-e-freges

efeméride - efemeridade
desenvolto - impudico

escavar a duração da lucerna
sentir o silêncio das têmporas
olhares: molduram-se e destronam-se

um toque de insanidade de brisas que se perdem. e resistem.
a irracionalidade (ou negação) dos animais
ideologias e o primordial corvo que avistamos

(elegia aos dois cedros que se suicidaram)

a negação de 3 meses.


- 3 meses para.

8.10.06

Entre o fulgor atômico e o escárnio da plebe

em vinte-e-dois meses
o peso de cinco dias estruturados
entre os sumários
e as síndromes de privação maternal

se a medula espinhal não é acariciada
a criança se atrofia
o caso ilustrativo e o subterfúgio
das três semanas
para o extremo do retardamento mental e físico

a priori
uma mãe substituta voluntária e
sem habilidade motora
ao não saber balbuciar
a líquida semente
não-interna
e sem-pele

não-ser tocada e reconhecida
fizera da minha carência
a ânsia primitiva e primária
dos dejetos de cônjuges não-currados

a degeneração do sistema nervoso
o ornador defecando-se
a pazada do migratório

ainda que tocaste
o incesto o ato flébil
a privação irracional a nona serpente
a brisa disforme o púbis flauteado
motivos não foram suficientes
a tal mutilação condenada e não-nutrida

acolhe-se a substância imaterial e a medula sem carícia
estruturo o tempo o corredor sitiado e o hospital infantil

- a criança sem boca, ainda habito

"Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar... "

This page is powered by Blogger. Isn't yours?